Daniel Costa entrevista
o jornaleiro e escritor Daniel Costa
Começo por perguntar, como é possível um
homem ser Jornaleiro de jorna na agricultura e depois na capital, estudar já
bem adulto, e vir a ser jornalista e depois escritor?
É mesmo de questionar mas, nem eu sei
bem que dizer. Quando revejo a vida, já fico com dúvidas, se fiz da vida, se a
vida fez de mim, é que de facto o que facilitou tudo, apesar de jamais pedir
algo a alguém, nomeadamente emprego (nunca foi da minha índole) foi eu ter
sempre “esbarrado” com trabalho muito virado para a literatura, como no
movimento duma fábrica de gravuras para tipografia, com os consequentes
inúmeros contactos, sendo que à época todos os jornais eram tipografados.
A seguir em serviços editoriais numa
gráfica, com os consequentes contactos com vários escritores e jornalistas de
nomeada.
Numa editora, enfim!...
- Adorava o meio, o passo seguinte só
podia ser editor o que aconteceu. Editor sempre com trabalhos jornalísticos
muito variados, desde editoriais, entrevistas, etc.
Se voltasses atrás, sabendo o que sabes,
procurarias o mesmo meio?
Sem dúvida nenhuma, aliás atingi um
ponto que já era procurado para trabalhar no meio e todos aceitei fazer em
regime livre, isto no meio filatélico, quando este era um mundo, nunca dizia
não, terei sido quem mais escreveu sobre filatelia em Portugal.
Como assim?
Creio que a minha capacidade de trabalho
era avassaladora, provei-o sempre.
Também como trabalhador rural?
Em qualquer trabalho, já que este
sempre, em qualquer ramificação me trouxe alegria, a ponto de, até na guerra
fui tido como herói, com chamadas ao comandante, para aviso de ter cuidado. No
entanto quando algo acontecia, não estava lá eu.
Doze anos, fui freelancer a escrever
para Crónica Filatélica de Madrid, mesmo depois de estrondoso AVC, com seis
anos a dormir dezoito horas dia.
Ora, como foi a adaptação ao ambiente da
capital, sabendo que antes apenas tinhas atravessado a cidade?
Para mim vejo tudo como fácil e vir para
Lisboa não fugiu à regra. Tinha 24 anos e tinha feito a comissão militar na
Guerra de África, estávamos em 1964, a ideia era ser trabalhador – estudante,
havia então bastantes empregos disponíveis. Havia muitos empregos
indiferenciados, coloquei um anúncio, depois com as respostas, dei-me ao luxo
de seleccionar, não o de melhor ordenado, mas o que oferecia melhor horário,
para frequentar o liceu particular. Num ano lectivo, tirei um curso de
dactilografia, e outro de estenografia, e frequentei um curso de Inglês. Ainda
assim fiz exame dos dois primeiros anos do liceu com dispensa da prova oral.
Deduzo que queiras deixar dito alguma
coisa aos colegas das Universidades Seniores: pois, cada individuo ao
frequentar estas Universidades Seniores, pelo convívio, por tudo afinal está a
elevar a sociedade, contribuindo com o exemplo para a qualidade de vida em
geral, para a sua em particular.
Continuemos na onda do nosso
enriquecimento físico, moral e espiritual.
Devemos isso a nós mesmos, que o nosso
exemplo frutifique!...
Daniel Costa
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