segunda-feira, 25 de novembro de 2019

MOINHOS DA BUFARDA


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MOINHOS DA BUFARDA

Ocorria o dia 11/06/1978, entrava eu ao serviço da Fábrica Gráfica Bertrand & Irmãos, Lda. no Dafundo. A receber-me no próprio gabinete que iria partilhar com o que, viria a ser meu amigo António Alcarás, aguardava-me a jovem secretária Ricardina, que já tinha colocado na mesa secretária, que iria ocupar todos os materiais de que iria necessitar.
Dos materiais, fazia parte um calendário de mesa e outro de parede, ambos com os moinhos da Bufarda o que, desde logo achei curioso, já que eram os quatro moinhos da aldeia onde eu nasci.
O calendário de parede logo tratei de o enviar, precisamente, para a Bufarda, para o meu pai. Este terá ficado ufano e logo, por curiosidade o mostrou ao Joaquim Nau, o qual o pediu insistentemente, pelo que o pai lho ofereceu. Em jeito de troca, aquele lhe ofereceu a módica quantia de 2$50.
Tudo certo, mais tarde e por acaso encontrei o artista, fotógrafo da televisão, que fez parte de uma equipa da televisão que andou por Peniche, pelo concelho, a colher imagens para um documentário na RTP.
Pelo que passou pela Bufarda e sendo também detentor da Editora Francisco Mas, no âmbito desta, fornecia slides para ilustrações, como achou importante o conjunto dos quatro moinhos em correnteza da nossa Bufarda e decidiu fazer slides do conjunto.
Foi assim que um exemplar foi escolhido, para ilustrar o calendário de 1969.
Como trabalhamos no mesmo meio, conhecíamos algumas pessoas em comum, ali conversamos sobre elas.
Como as “conversas são como as cerejas”, continuamos na conversa, o meu interlocutor mostrou-se encantado com as pessoas da Bufarda, que presentearam a equipa com um lanche chouriço assado e águapé.

A ilustração é uma das folhas do citado calendário, andava pela encadernação. Guardei e guardada a mantenho, como mantenho bastantes livros que coordenei.
Bastantes, têm dedicatória dos seus autores com quem acompanhei as obras. Alguns que, já faleceram, ficaram bons amigos.

Daniel Costa

OURIVES SEM EFABULAÇÃO


 overthinking-love: “i got eye contact with taylor so many times AND LOOK AT THE WAY SHE’S SMILING AT ME IN THE LAST ONE!!! 📷: by me”

OURIVES SEM EFABULAÇÃO

Como se disse, o designado Foz I, além de Miguel Foz, teve uma filha e um filho. Do filho, não consegui investigar o nome, da filha sim. Trato-a, contudo, pela alcunha porque era conhecida: “bicha”, devido à sua horrível carantonha. Pode aplicar-se aqui o ditado popular: “Deus que a pintou, algum defeito lhe achou”.
Fui ela e naturalmente o marido que, numa espécie de barracão, criaram uma taberna, no Casal Foz, e quando era necessário, constituíam ali casa de pasto, também arranjavam dormida a quem precisasse.
Cabe dizer que era ali que desembocava também a estrada que vem da vila do Bombarral, passando por várias aldeias do concelho, a mais importante, Reguengo Grande, por ser muito vinhateira.
Passa ainda pelo histórico Vale do Roto, onde acamparam as tropas de Napoleão, que viriam a ser vencidas no recontro da vizinha Roliça.
Um cruzamento com todas as condições, para no tempo e no espaço, ser rentável ali uma taberna, como a que a “bicha” ficou a gerir.
O casal teve três filhos, dois homens e uma linda mulher. Os homens passaram ambos a ser conhecidos pelos respectivos nomes, mais a alcunha de “quarenta”.
Porém, o que agora interessa é focar o que de mais importante se terá passado, nessa primeira taberna do Casal Foz.
Cochichou-se, em segredo, à boca pequena:
- A determinada altura passou por ali um ourives, já no tempo que andavam a vender ouro, de aldeia em aldeia, montados nas suas bicicletas. Nas mesmas transportavam uma caixa de folha verde, com o ouro.
Certa noite, um fez ali estadia. Tudo corria bem, naquele bucolismo, a cerca de três quilómetros do mar. Então o homem adormeceu na paz dos anjos.
Foi então que o casal cometeu o suicídio na sua pessoa, com o fim de ficarem com o ouro.
De imediato, no seu burrito, terão transportado o corpo até ao mar.
Uma vez chegados, amarraram o dito a uma pedra e lançaram-no nas suas águas, dando-lhe assim sumiço.
Como o burrito não falou e ali ninguém teve capacidade de efabulação, foi como se não houvesse crime.
Ficou no esquecimento.

Daniel Costa


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domingo, 24 de novembro de 2019

DANIEL COSTA ETREVISTA O JORNALEIRO E JORNALISTA DANIEL COSTA


 A imagem pode conter: Daniel Cordeiro Costa


Daniel Costa entrevista o jornaleiro e escritor Daniel Costa


Começo por perguntar, como é possível um homem ser Jornaleiro de jorna na agricultura e depois na capital, estudar já bem adulto, e vir a ser jornalista e depois escritor?

É mesmo de questionar mas, nem eu sei bem que dizer. Quando revejo a vida, já fico com dúvidas, se fiz da vida, se a vida fez de mim, é que de facto o que facilitou tudo, apesar de jamais pedir algo a alguém, nomeadamente emprego (nunca foi da minha índole) foi eu ter sempre “esbarrado” com trabalho muito virado para a literatura, como no movimento duma fábrica de gravuras para tipografia, com os consequentes inúmeros contactos, sendo que à época todos os jornais eram tipografados.
A seguir em serviços editoriais numa gráfica, com os consequentes contactos com vários escritores e jornalistas de nomeada.
Numa editora, enfim!...
- Adorava o meio, o passo seguinte só podia ser editor o que aconteceu. Editor sempre com trabalhos jornalísticos muito variados, desde editoriais, entrevistas, etc.

Se voltasses atrás, sabendo o que sabes, procurarias o mesmo meio?

Sem dúvida nenhuma, aliás atingi um ponto que já era procurado para trabalhar no meio e todos aceitei fazer em regime livre, isto no meio filatélico, quando este era um mundo, nunca dizia não, terei sido quem mais escreveu sobre filatelia em Portugal.

Como assim?

Creio que a minha capacidade de trabalho era avassaladora, provei-o sempre.

Também como trabalhador rural?

Em qualquer trabalho, já que este sempre, em qualquer ramificação me trouxe alegria, a ponto de, até na guerra fui tido como herói, com chamadas ao comandante, para aviso de ter cuidado. No entanto quando algo acontecia, não estava lá eu.
Doze anos, fui freelancer a escrever para Crónica Filatélica de Madrid, mesmo depois de estrondoso AVC, com seis anos a dormir dezoito horas dia.

Ora, como foi a adaptação ao ambiente da capital, sabendo que antes apenas tinhas atravessado a cidade?

Para mim vejo tudo como fácil e vir para Lisboa não fugiu à regra. Tinha 24 anos e tinha feito a comissão militar na Guerra de África, estávamos em 1964, a ideia era ser trabalhador – estudante, havia então bastantes empregos disponíveis. Havia muitos empregos indiferenciados, coloquei um anúncio, depois com as respostas, dei-me ao luxo de seleccionar, não o de melhor ordenado, mas o que oferecia melhor horário, para frequentar o liceu particular. Num ano lectivo, tirei um curso de dactilografia, e outro de estenografia, e frequentei um curso de Inglês. Ainda assim fiz exame dos dois primeiros anos do liceu com dispensa da prova oral.

Deduzo que queiras deixar dito alguma coisa aos colegas das Universidades Seniores: pois, cada individuo ao frequentar estas Universidades Seniores, pelo convívio, por tudo afinal está a elevar a sociedade, contribuindo com o exemplo para a qualidade de vida em geral, para a sua em particular.
Continuemos na onda do nosso enriquecimento físico, moral e espiritual.
Devemos isso a nós mesmos, que o nosso exemplo frutifique!...


Daniel Costa